quinta-feira, 9 de junho de 2016

Crônica escrita a partir do espaço


       Hoje é dia de ir à escola. De novo. Não vejo a hora do fim de semana chegar e eu finalmente poder descansar. Estava me preparando psicologicamente para mais um dia na frente dos olhos daquele menino quando ouço o barulho da porta fechando. Todos os ruídos que ouvia há alguns segundos se silenciam. Será que ele foi embora sem me levar? Me esqueceu? Bom, se ele me esquece quem sofre é ele, coitado, dois graus de miopia em cada olho... Enfim, pelo menos ganho um tempo para descansar. Estou num sono profundo quando alguém me pega pela haste e me leva correndo até a porta de casa. Estou muito sonolento para ver quem é, mas pela voz parece a mãe. Ela fala sem parar no celular enquanto entramos no carro, durante o caminho inteiro que fazemos. Para onde será que ela está me levando? Noto que há muito trânsito, e tento espiar em que rua estou, ou bairro, mas não tenho muita estrutura para fazer isso, então me contento com a minha vista, do chão.
       O carro para. A mãe me pega pela haste de novo e me leva até um lugar, que agora sei qual é, a escola. Ela me deixa num balcãozinho e sou guardado numa gaveta. Não me lembro muito da minha estadia lá, pois dormi, mas lembro que em algum momento alguém me tirou de lá e me colocou no balcãozinho novamente. O menino! Meu dono! O vejo vindo de longe, em direção a mim, Ele anda meio descoordenado, talvez por estar sem mim, mas chega até o balcãozinho, me pega e me veste, na frente dos seus olhos como sempre faz.
       Então ele sai andando comigo e temos mais um dia normal, brincando, conversando e me deixando cair várias vezes, claro.