Hoje é um dia normal.
“Normal”. O que faz de um dia um dia normal? Um dia em que as coisas correm
como sempre correram? Nenhum dia é igual ao anterior, ou a qualquer outro que
veio antes... Acordei reflexiva. Enfim, retomando, hoje é um dia normal. É um
domingo, e estou caminhando em volta da Praça Buenos Aires, como faço todas as
manhãs. Mas hoje resolvi prestar mais atenção no que está à minha volta, ao
invés de pensar em coisas como quantas voltas faltam para eu poder voltar para
casa.
Não tenho tido tempo nem de dormir
nessas últimas três semanas com esse novo trabalho que eu arrumei. Em um
jornal. Bom, já imaginava que ia ser meio puxado, mas nada como está sendo. O
dinheiro é bom, e os colegas de trabalho são bem legais também. Mas não sei se
estou feliz fazendo isso, sem ter tempo de fazer nada além de trabalhar.
Resumindo, estou bem cansada. E
resolvi sair essa manhã para refrescar a cabeça, respirar um pouco.
Acordei e tomei banho. Vou me
encontrar com a minha família mais tarde para um almoço de domingo em família,
então me maquiei, coloquei meu turbante mais bonito, e coloquei uma roupa
bonita, mas ainda apropriada para andar na praça, pois daquela caminhada ai
direto para a casa dos meus pais.
Enfim, comecei a caminhar, e por
volta da terceira volta percebi uma garota de uns 13 anos me observando com um
caderno na mão, anotando avidamente enquanto me observava. Apesar de ter ficado
incomodada no momento, continuei a minha caminhada. Na quarta volta, olhei para
o lado e lá estava ela no mesmo lugar. E se ela fosse louca? Enfim, não a
abordei, continuei andando pensando se ela ainda estaria lá quando passasse por
ela de novo.
Passei pelo banco. Não a vi, ela foi
embora. Estaria ela com medo? De mim talvez? Olhei para os lados, para trás,
para os lados de novo... E nada. Ixi, eu olhei para ela com uma cara quando
passei ao seu lado... Enfim, desde que ela não esteja me seguindo estou bem.
Mas onde estaria ela agora?