Notícia: Astronauta pop-star dos EUA volta á Terra após 340 dias
Cheguei! Finalmente cheguei em casa. Depois de quase um ano... Não sabia que era possível sentir tanta falta da minha casa, família, de viver na Terra.
Parece até que foi ontem... Me
lembro nitidamente do dia em que parti, do dia em que vi o espaço pela primeira
vez.
Entrei com meus três colegas na
nave. Eles estavam muito animados, já tinham ido fazer missões no espaço
milhares de vezes, já eu, nem estava. Estava com medo, bastante medo. Não é que
eu não queria ir, só não fazia muita questão, se é que você me entende.
Decolamos alguns minutos após entrarmos na nave, e foi nesse momento que eu
quase enfartei. Meus colegas tentaram me acalmar e falaram que nunca em nenhuma
das vezes em que eles viajaram algo aconteceu na decolagem. Isso não me ajudou
muito, mas consegui ficar bem até atravessarmos a atmosfera. Quando chegamos no
espaço consegui me acalmar. Tudo começou a flutuar. Fiquei mais leve, tudo
ficou mais leve. Era uma sensação incrível, parecia não pesar nada. Olhei para
fora e vi embaixo da nossa nave a Terra, detalhada como nunca havia visto em
nenhuma foto.
“Será que já é noite na Terra?”
“Quanto tempo se passou desde que partimos?” “Qual será a velocidade da nossa
nave agora?”. Essas eram coisas que eu me perguntava enquanto olhava para a
Terra. Meus colegas conversavam comigo, mas não conseguia prestar atenção em
mais nada além do que estava observando.
Em algum momento parei de viajar na
minha cabeça e comecei a prestar atenção no que meus colegas me diziam. O que
eles falavam era importante, agora não me lembro exatamente o que era, mas
tinha a ver com a hora de dormir, a nossa comida durante a viagem e coisas
básicas como essas que não explicaram muito bem quando fomos nos preparar.
Então comecei a ficar com fome. Fui
procurar uma tal dispensa da qual meu colega tinha falado, e ela ficava do
outro lado da nave, então tive que atravessá-la inteira. Cheguei lá e vi várias
opções de refeição. Batata amassada, carne com vegetais e couve flor com queijo
são as que eu me lembro. Peguei todas as que eu vi e levei para onde estávamos
todos. Meus dois colegas comeram a carne com vegetais e eu escolhi a batata
amassada, que era a que estava com cara melhor. Tive de comer aquilo quase como
se estivesse bebendo, com um canudo, mas estava bem saboroso, nada mal se for
levar em conta o que alguns amigos falaram sobre a comida no espaço.
Tinha que tomar banho também, mas
aparentemente ainda não existem chuveiros no espaço. É, bem ruim, tive que me
contentar com umas toalhinhas molhadas e olhe lá. Meus colegas nem tocaram
nesse assunto, já devia ser natural pra eles ficar sem tomar banho lá.
Após tomar meu “banho”, a única
coisa que queria fazer era dormir. Então ao meu lado havia um tipo de maca
dobrável que supostamente era aonde íamos dormir. Deitei lá então, e logo caí
no sono.
E foram assim praticamente todos os
outros dias que se seguiram, eu fui me acostumando e o espaço foi virando um
lar para mim.
Não sei como, mas consegui
sobreviver quase um ano no espaço. Documentei a minha trajetória no espaço nas
redes sociais, por isso o nome “astronauta pop star”. Senti muita falta de
casa, mas agora nada se compara à falta que estou sentindo da minha segunda
casa, o espaço.
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