Hoje é dia de ir à escola.
De novo. Não vejo a hora do fim de semana chegar e eu finalmente poder
descansar. Estava me preparando psicologicamente para mais um dia na frente dos
olhos daquele menino quando ouço o barulho da porta fechando. Todos os ruídos
que ouvia há alguns segundos se silenciam. Será que ele foi embora sem me
levar? Me esqueceu? Bom, se ele me esquece quem sofre é ele, coitado, dois
graus de miopia em cada olho... Enfim, pelo menos ganho um tempo para
descansar. Estou num sono profundo quando alguém me pega pela haste e me leva
correndo até a porta de casa. Estou muito sonolento para ver quem é, mas pela
voz parece a mãe. Ela fala sem parar no celular enquanto entramos no carro,
durante o caminho inteiro que fazemos. Para onde será que ela está me levando?
Noto que há muito trânsito, e tento espiar em que rua estou, ou bairro, mas não
tenho muita estrutura para fazer isso, então me contento com a minha vista, do
chão.
O carro para. A mãe me pega pela haste de novo e me leva
até um lugar, que agora sei qual é, a escola. Ela me deixa num balcãozinho e
sou guardado numa gaveta. Não me lembro muito da minha estadia lá, pois dormi,
mas lembro que em algum momento alguém me tirou de lá e me colocou no
balcãozinho novamente. O menino! Meu dono! O vejo vindo de longe, em direção a
mim, Ele anda meio descoordenado, talvez por estar sem mim, mas chega até o
balcãozinho, me pega e me veste, na frente dos seus olhos como sempre faz.
Então ele sai andando comigo e temos mais um dia normal,
brincando, conversando e me deixando cair várias vezes, claro.
jup, sinceramente não entendi muito sua crônica... Talvez seja eu, mas não entendi sua mensagem.
ResponderExcluirJúlia, seus textos estão muito bons: são claros, bem escritos e desenvolvidos. Este em especial é bem sutil (adotar o ponto de vista do óculos é algo inusitado) e despretensioso, como uma boa crônica. No geral, gosto do seu processo e do resultado. Claro, sempre se pode escrever mais, mas isso é com você.
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